DEBAIXO DO PÉ DE MANGA COM UM GRANDE ABRAÇO PARA O DR. EMIVAL PONCE E O DR. ÍTALO CAMPOS, HÁ MUITO TEMPO AUSENTES DA ACONCHEGANTE SOMBRA.
[17/05/2015
Este pé de manga
Que amo de paixão
Imagino que tenha
Uns cem anos ou mais.
Não se sabe quantas gerações
Saborearam mangas deste pé,
Mas foram muitas.
Já não apreciam suas frutas
Mas amamos sua sombra
E não dispensamos seu aconchego.
Debaixo do pé de manga,
Que não é um pé,
São dois,
É onde a gente toma café,
Come pão de queijo
E destrincha a vida dos outros.
No caso da vida alheia,
Sai de tudo:
Chifres, chifradas,
Casos de brigas e de valentias
E até
Histórias da onça pintada da mão torta.
Coisas de antigamente
Arrancadas de recônditas reentrâncias
De memórias cansadas.
É ali,
Debaixo do pé de manga que o bicho pega.
Tem caso de lobisomem,
De mula sem cabeça,
De pescaria e de caçada,
E até troca de receitas culinárias.
Os mais jovens
Falam da internet,
Das redes sociais e até do whatsApp
Com suas hilariantes intrigas.
Debaixo do pé de manga,
A gente conversa, come e bebe
E quando não tem com quem conversar
A gente cochila
E, às vezes, ronca de boca aberta
E faz outras coisas
Que me recuso a dizer,
Mas que todo mundo sabe.
São João também é debaixo do pé de manga,
Com fogueira, foguetes
E muita comida.
Na mesa tem de tudo:
De feijão tropeiro a paçoca de carne seca
Socada no pilão;
Pé de moleque a curau de milho verde
Refrigerante e quentão.
E cerveja
Essa bebida sem sabor
Que tudo mundo gosta
E virou presença obrigatória
Em todas as reuniões sociais e familiares.
Às vezes até pinga, uma branquinha.
A contribuição de cada família
É regra que se observa com rigor.
Festa de São João,
Debaixo do pé de manga,
É só alegria e diversão.
Crianças correndo,
A mãe correndo atrás.
Criança caindo
E ralando joelho,
Mãe assoprando
“foi nada não,
Foi um pulo”.
Entra mês e sai mês,
E a alegria se repete
Porque tudo se comemora
Debaixo do pé de manga.
Somos gente de paz
Acostumados à simplicidade
Descendentes da família
Fundadora da cidade.
Médicos, advogados, professores
Magistrados e operários
Sem qualquer distinção
Confraternizam-se
Debaixo do pé de manga.
Quando aqueles que moram fora
– Principalmente em Brasília e Goiânia –
Estão por aqui,
Nas tardes de fim de semana,
Reunimos debaixo do pé de manga
Pra tomar café com bolo,
Rir e jogar conversa fora.
Essa moda da cidade,
De cortar pé de manga pra fazer carvão,
Tem me deixado com a pulga atrás da orelha.
Tenho medo de nosso pé de manga
Viajar pra carvoeira
Como muitos outros já fizeram
Ou como fizeram com muitos outros.
Aproveito a oportunidade
Para suplicar
Aos donos do pé de manga
Compadre Antônio Ponce e seus irmãos:
PELO AMOR DE DEUS,
NÃO DEIXEM NOSSO PÉ DE MANGA
VIRAR CARVÃO. |